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Desenvolvimento do Observa:
Traçando sua Evolução

O Observatório da Agricultura Familiar foi fundado pelo Prof. Dr. André Michelato, motivado por uma inquietação de não haver no Brasil nem um observatório no âmbito das Universidades que tivesse como especificidade a agricultura familiar e o campesinato. Portanto, o Observa surge da necessidade de promover um espaço que pudesse ter como missão acompanhar, monitorar e avaliar como se desenvolve a agricultura familiar no Brasil. Seja pela observação de políticas públicas, seja pelo movimento do mercado ou mesmo dos processos de organização social e política da agricultura familiar, o Observa se propõe a ser um instrumento de estar atento a como a agricultura familiar se desenvolve.  O Observa foi fundado em 2013, mas teve suas atividades paralizadas por 5 anos, e que são retomadas em 2023 com força total.

Visão e Propósito:
O Observa em Ação

O Observatório da Agricultura Familiar tem como missão produzir, sistematizar, analisar e disseminar dados e informações  da agricultura familiar e camponesa, de forma a dar visibilidade do seu papel no desenvolvimento rural e para a segurança alimentar, fornecendo subsídios à pesquisa e formulação de políticas públicas e estratégias de mercado.


Objetivos Estratégicos
1. Monitorar índices, indicadores e variáveis da agricultura familiar brasileira e internacionalmente a partir das seguintes dimensões:
a. Social (características da população, educação, saúde, segurança alimentar, moradia, saneamento, mão de obra/ocupação, renda – agrícolas/não agrícolas, condição em relação a terra, telefonia/internet, lazer);
b. Produtiva (assistência técnica/capacitação, produção, uso da terra – área/variedades, modelos produtivos – convencional/orgânico, agroindustrialização, maquinário, comercialização, estradas, crédito, indicadores agropecuários);
c. Econômica (PIB da Agricultura Familiar, Valor Bruto da Produção)
d. Ambiental (áreas de preservação permanente, florestas, água, manejo de agroquímicos, práticas ecológicas de produção, irrigação, métodos de plantio);
e. Organizativa (organização sindical, organização cooperativada, organização associativa, participação institucional)

2. Sistematizar e publicizar dados e informações (linhas históricas, mapas e georreferenciamento) da agricultura familiar produzidos por institutos e organizações governamentais e não governamentais;
3. Sistematizar e monitorar dados de políticas públicas direcionadas especificamente para agricultura familiar brasileira;
4. Avaliar as metodologias de produção de índices e indicadores/variáveis da agricultura familiar, com vistas ao aprimoramento e a proposição de novas metodologias;
5. Promover e publicar pesquisas, análises e pareceres sobre os indicadores e variáveis monitoradas pelo Observatório;

a Agricultura Familiar

O termo agricultura familiar no Brasil é muito recente, teve seu surgimento marcado pela resolução do BACEN (Banco Central do Brasil), número 2.191 de 24 de agosto de 1995, que definiu a agricultura familiar como sendo uma forma de organização que: a) explore parcela de terra na condição de proprietário, posseiro, arrendatário ou parceiro; b) não mantenha empregado permanente; c) não detenha a qualquer título, área superior a quatro módulos fiscais; d) tenha no mínimo, 80% de sua renda bruta anual seja proveniente da exploração agropecuária ou extrativa; e) resida na propriedade ou em aglomerado urbano ou rural próximos a área de produção/trabalho familiar. Vale ressaltar que antes desta definição, a agricultura familiar era denominada de diversas formas, tais como: sitiantes, caboclos, roceiros, caipiras, peão, produtor/a rural, trabalhador/a rural, agricultores/as, proprietários rurais, entre outros.

Assim sendo, entre 1995 e 2006, a resolução do BACEN foi utilizado como marco legal para a definição e caracterização da agricultura familiar para efeitos da aplicação de políticas públicas pelo Estado brasileiro, quando a partir de 2006 é aprovada a lei 11.326, de 24 de julho de 2006 (BRASIL, 2006), lei esta que tem por objetivo “estabelecer as diretrizes para a formulação para a Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais”, e que no seu artigo 3º, diz que:

Art. 3º. Para os efeitos desta Lei, considera-se agricultor familiar e empreendedor familiar rural aquele que prática atividades no meio rural, atendendo, simultaneamente, aos seguintes requisitos:

  1. - não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais;

  2. - utilize predominantemente mão de obra da própria família nas atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento;

  3. - tenha renda familiar predominantemente originada de atividades econômicas vinculadas ao próprio estabelecimento ou empreendimento;

  4. - dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família (BRASIL, 2006).

Embora a “lei da agricultura familiar” seja um dos mais expressivos avanços no âmbito do acesso as políticas públicas para este grupo social, dizer que a agricultura familiar caracteriza-se exclusivamente através de variáveis objetivas, como consta na lei da agricultura familiar, é reduzi-la a uma tentativa de homogeneizar um grupo que tem diversas diferenças, seja do ponto de vista socioeconômico, das formas e tipos de produção, da formação familiar, da cultura alimentar, das formas de comercialização, etc. Assim, a legislação oferece um uso “operacional” de como definir e categorizar o que seria a agricultura familiar. No entanto, a agricultura familiar não pode ser compreendida como uma descrição objetiva, pois para além de um estrato social é um modo de vida, que imprime uma forma de se relacionar com o ambiente, com a natureza, com as expressões econômicas, políticas e sociais.

Uma das definições para o conceito de agricultura familiar se deu a partir do estudo de cooperação técnica entre o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO/ONU). Segundo esse estudo, agricultura familiar é definida com base em três características centrais: a) a gestão da unidade produtiva e os investimentos nela realizados são feitos por indivíduos que mantém entre si laços de sangue ou casamento; b) a maior parte do trabalho é igualmente fornecida pelos membros da família; c) a propriedade dos meios de produção (embora nem sempre da terra) pertence à família e é em seu interior que se realiza sua transmissão em caso de falecimento ou aposentadoria dos responsáveis pela unidade produtiva (INCRA/FAO, 2000).

CHAYANOV (1974) centraliza sua análise para caracteriza-la a partir de como se dão as relações interna e externa à unidade de produção familiar. Segundo o autor, a agricultura familiar caracteriza-se pela especificidade na forma como ela se estrutura e organiza-se internamente, ou seja, “... o produtor familiar é fundamentalmente um proprietário que trabalha. Na verdade, quem trabalha é o agricultor e sua família, e é familiar a propriedade do estabelecimento” (WANDERLEY, 1998, p. 31). A dificuldade em estabelecer uma diferença significativa entre o mundo do trabalho e o mundo da vida na propriedade familiar, não é tarefa tão simples como no produtor rural de médio e grande porte, que utilizando-se de mão de obra assalariada, se reproduz a partir da lógica da empresa capitalista. Já na agricultura familiar não há uma separação significativa entre a “empresa” e a família, pois o lucro obtido do trabalho físico e mental do agricultor é considerado renda e modo de vida para a reprodução social de sua estrutura familiar (WANDERLEY, 1998).

Assim como Chayanov (1974), LAMARCHE (1998), numa pesquisa global, faz a análise das formas de reprodução da agricultura familiar subdividindo-as em quatro diferentes modelos, partindo do princípio de que a organização da produção e do trabalho familiar, assim como a relação da lógica de mercado e a lógica familiar influenciam diretamente nas formas de reprodução social. O autor propõe os seguintes modelos: 1) empresa; 2) empresa familiar; 3) agricultura camponesa; e 4) agricultura familiar moderna.

Isto demonstra que a agricultura familiar é uma categoria social amplamente complexa e que para conhecê-la é necessário um esforço amplo e complexo para possibilitar seu re-conhecimento das suas especificidades e complexidades, seja para conhece-la, seja para promover políticas públicas ou mesmo para o auto reconhecimento. Definir e caracterizar a agricultura familiar como algo homogêneo e linear é um começo, mas não desvenda as reais características e necessidades para transpor os nós e suas problemáticas para o seu desenvolvimento.

Desta forma, esta pesquisa tem a pretensão de ser mais um movimento para desvendar a complexidade da agricultura familiar no Estado do Espírito Santo, contribuindo para qualificar seu reconhecimento no mundo acadêmico, no âmbito das políticas públicas e para o conjunto da sociedade capixaba e brasileira.

Nossa Equipe

A equipe do Observa é formada por pesquisadores, técnicos e colaboradores de diversas Universidades brasileiras, além de uma equipe própria de técnicos e pesquisadores. Além da equipe e dos pesquisadores colaboradores, o Observa tem parcerias com alguns núcleos de pesquisa e pesquisadores em diversos locais no Brasil e no mundo, que ao longo dos próximos projetos iremos apresenta-los.

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André Michelato Ghizelini
andremichelato@gmail.com

Coordenador do Observa.
Doutor em Sociologia, Professor e Pesquisador na Universidade Federal do Espírito Santo.

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Julian Perez Cassarino
julianperez7@gmail.com

Pesquisador Colaborador

Engenheiro Florestal e Doutor em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Professor e Pesquisador na Universidade Federal da Fronteira Sul.

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Edimilson Rodrigues de Souza
edimilsonrondon@gmail.com

Pesquisador Colaborador

Antropólogo e Doutor em Antropologia, Professor e Pesquisador na Faculdade de Música do Espírito Santo.

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Flavio Ramacciotti 
flavio.ramacciotti@gmail.com

Análista de Dados

Graduado em Ciências Sociais pela UFES.

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Paulo Cesar Aguiar Junior
aguiar.paulocesar@gmail.com

Geógrafo e Especialista em Mapas

Graduado em Geografia pela UFES (2013), mestre em Saúde Pública pela ENSP-Fiocruz (2016) e atualmente doutorando em Geografia pela UFES (2016-2024). 

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